26 maio, 2007


Sabe aquela vontade louca de largar tudo e mudar de vida que às vezes tomam conta de nós? Pois é, a cada duas ou três semanas eu a experimento. Esta semana, em especial, foi bastante complicada para mim. Nestes momentos, talvez herança das minhas leituras de infância, sonho em desbravar terras agrestes, enfrentar as dificuldades do solo e das estações e viver somente daquilo que plantei, dormir exausta às sete da noite depois de ter acordado com os primeiros raios do sol, alimentado meus animais, cuidado da minha horta, brincado com meus filhotes... Mas eis que nada disto é real e a realidade é ainda melhor do que tudo isto. É o milagre da vida – bastou um único dia inteirinho com a cria para que o equilíbrio voltasse. E daquele sonho, agora já novamente antigo, apenas um delicioso cheirinho de pão caseiro.

15 g de fermento fresco
250 ml de água morna
2 ¾ xícaras de farinha de trigo
1 colher de chá de sal
1 colher de sopa de azeite

Dissolver o fermento em um pouquinho da água. Deixar espumar e reserve por uns 10 minutos para ativá-lo. Após o que basta misturas todos os ingredientes e sovar por uns 5 minutos. Deixar dobrar de volume antes de assá-lo. Eu gosto de incrementá-lo com azeite, sal grosso e alecrim fresco.
Bom final de semana para todos!

25 maio, 2007

Lugares da memória



“toda teoria é provisória, acidental, dependente de um estado de desenvolvimento
da pesquisa que aceita seus limites, seu inacabado, sua parcialidade, formulando
conceitos que clarificam os dados - organizando-os, explicitando suas
inter-relações, desenvolvendo implicações - mas que, em seguida, são revistos,
reformulados, substituídos a partir de novo material trabalhado.”


Agora, aqui em casa, Foucault, Deleuze e Guattari, só aparecem entre panelas e receitas. Veja bem se esta linda citação de Foucault não cai como uma luva num blog dedicado a culinária? E por falar em Foucault ... que tal um delicioso ministrone para este ensaio de inverno?

Doure 4 alhos descascados em 4 colheres de sopa de azeite. Quando os alhos estiverem bem douradinho, descarte-os e acrescente ao azeite 1 colher de chá de alecrim fresco. Junte então, uma lata de tomates italianos bem picados (polpa e suco). Após uns dois ou três minutos, acrescente 1 lata de grão de bico. Salgue e apimente. Agregue 700 ml de caldo de legumes. Tampe a panela e deixe cozinhar por uns vinte minutos. Retire os grãos de bico e bata-os no liquidificador. Devolva-os à panela, e acrescente 1 xícara de macarrão para sopa – eu sempre uso estrelinhas (acho mais poético). Após o cozimento, tampe a panela e deixe descansar uns minutinhos para o ajuste final. Na hora de servir, enfeite com um fio de azeite e parmesão ralado.


Mas, para fazer jus a minha potente citação, experimente substituir os grãos de bico por feijões brancos e as estrelinhas por conchinhas...

19 maio, 2007

Nova aquisição


Supresa! Entrei numa livraria e me deparei com um livro novo, daqueles que adoro, sobre experiências de chefs na cozinha. Não sabia que o autor do livro, Bill Buford, foi editor-chefe de uma revista de culinária, mas o conhecia de outro livro bem bacana sobre os holligans - Entre os Vândalos. Mas o livro a que me refiro chama-se Calor - aventuras de um cozinheiro amador com escravo da cozinha de um restaurante famoso, fazedor de macarrão e aprensiz de açougueiro na Toscana, editado pela Cia. das Letras. Quem quiser saber um pouco mais sobre o livro e o autor dê um pulo aqui e leia uma matéria no suplemento Paladar.

18 maio, 2007

Receita rápida

Há cerca de um mês me matriculei numa academia de ginástica. Nunca fiz, nunca gostei e sempre jurei que jamais faria exercícios diários. Bom, isto até quase morrer de dor na coluna. Exausta de sentir a coluna, com expectativa zero em relação à melhoria (além de ter uma postura muito comprometida, passo horas e horas sentada em frente ao computador), me rendi a academia. Qual não foi minha surpresa! Além da musculação para o fortalecimento da coluna, tenho freqüentado duas excelentes aulas de mat pilates e de yoga. E pasmem, estou nova em folha. Tudo isto para dizer que com a academia voltei a assistir meus programas na TV – cada esteira e bicicleta tem um aparelhinho próprio. Ontem, queimando calorias numa bicicleta aprendi a fazer um delicioso e rápido canelone com Jamie Oliver. Assim que terminei meus exercícios, corri para o supermercado e comprei os ingredientes. Fui buscar as crianças na escola, cheguei em casa e em 40 minutos o delicioso prato estava pronto. Tipo receita mágica!!!


Canelone de Ricota com Espinafre

Numa panela, doure em azeite 1 cebola picada, 3 alhos picados, orégano e meia noz moscada ralada na hora. Jogue as folhas de espinafre já lavadas neste refogado e as deixe murchar. Acrescenta 1 colher de sopa de manteiga apenas para encorpar o molho. Salgue e apimente. Acrescente 1 ricota esmigalhada. O recheio está pronto. Deposite em folhas de lasanha fresca, e enrole como canelone.
Para o molho, basta bater no liquidificador 1 ou 2 latas de tomates italianos, azeite, sal, pimenta e folhas frescas de manjericão. Deposite este molho, ainda cru, num pirex que vá ao forno. Sobre o molho, deposite os rolinhos de massa. Esmigalhe por cima mozzarela de búfala e finaliza com parmesão ralado.
Forno 30 minutos.

13 maio, 2007

Finalmente!

Finalmente chegou – sempre com os meses de atraso – a Blue Cooking número 10 (novembro/dezembro, 2006). Adoro a revista – além de linda, traz sempre receitas rápidas e práticas. Acabei de ler agora mesmo e me encantei com uma receita que não sei quando conseguirei fazer, mas deu vontade de registrá-la logo. Aí vai:

Ravióli de cebola vermelha assada, tomilho, pinhões e batata

2 cebolas vermelhas, cortadas em quartos
uma mão cheia de tomilhos
2 colheres de sopa de vinagre balsâmico
azeite
400 g de batatas com casca
uma mão cheia de parmesão ralado
folhas de lasanha fresca
pinhões


Separe duas assadeiras. Na primeira, coloque as cebolas, o tomilho, o vinagre balsâmico e regue tudo com azeite. Tampe com papel alumínio. Na outra, deposite as batatas cortadas. Leve ambas as assadeiras ao forno e deixe assar por mais ou menos 40 minutos. Se precisar retire as cebolas antes das batatas. Após assadas, deixem esfriar um pouco cada uma delas. As batatas devem ser esmagadas (neste momento retirar as cascas) e as cebolas devem ser picadas. Misturas as duas e juntar o caldo que ficou na assadeira das cebolas. Juntar então 3 colheres de manteiga e o parmesão. Misture bem e tempere a gosto (sal e pimenta). Está pronto o recheio. Utilize então as folhas de lasanha, moldando-as como raviólis. Cozinhar em água fervente por 3 a 4 minutos cada.
Numa frigideira, toste os pinhões em azeite e manteiga. Retire assim que os pinhões dourarem e junte algumas gotinhas de vinagre balsâmico. Misture os raviólis neste molho, salpique com tomilhos frescos e parmesão ralado.

12 maio, 2007

Riquezas andinas

Acreditem, existem mais de três mil variedades de batatas no Peru!




Além de formas inusitadas possuem cores também inusitadas - azuis, rosas, pretas, bicolores... e sabores, cada qual com um paladar e uma textura peculiares.

Salgada surpresa!


Ontem fui almoçar num restaurante japonês aqui perto de casa. Geralmente peço um combinado executivo, mas ontem resolvi experimentar um novo prato do cardápio – ceviche de linguado ao molho cítrico com chips de batata doce. Amei o tal do ceviche. Sabe aquela vontade de comer todo dia o mesmo prato? Sabe aquele arrependimento por nunca ter experimentado um prato? Pois é, corri para casa e desandei a procurar receitas na Internet que pudessem parecer com a que comi. Misturei duas ou três e deu esta aí. Ainda não fiz, mas acho que é por aí.



Ceviche de linguado ao molho cítrico


Para o ceviche:

1 kg de linguado cortado em fatias finas (tirinhas)
1/2 cebola roxa bem picadinha
1 colher de mostarda preta em grão
1 colher de chá de raspas de limão
2 colheres de sopa de ciboulette picadinha
sal e pimenta-do-reino a gosto

Preparo do prato:

Em um recipiente, coloque os peixes cortados, adicione metade do molho, cubra com papel-alumínio e deixe na geladeira por 30 minutos. Adicione todos os ingredientes restantes em uma vasilha e agregue o restante do molho. Mexa bem. Incorpore o peixe, verifique os temperos e monte o prato.


Para o molho cítrico:

100 ml de suco de limão-Taiti
100 ml de suco de limão-siciliano
100 ml de suco de laranja
1 colher de chá de gengibre ralado
1 colher de sopa de açúcar
2 colheres de sopa de azeite aromatizado com alho
2 colheres de sopa de azeite extra-virgem

Preparo do molho: Bata no liquidificador todos os ingredientes até que a mistura fique homogênea.


Claro que os chips de batata doce são dispensáveis - mas são um toque. Basta cortar a batata doce em rodelas finissímas e assá-las sobre papel manteiga.


Fui comer no Japão e acabei no Peru!!

Sobremesa cosmopolita


Semana passada comprei aquelas lindas formas para creme bruleé – redondas, branquinhas, de cerâmica, onduladinhas e bem rasinhas. Ontem, bateu aquela vontade de comer creme bruleé – qual não foi minha decepção quando me dei conta de que estava sem creme fresco em casa. Foi quando me lembrei de uma receita portuguesa, de leite-creme, que lembra muito o creme bruleé original. A única diferença, na minha modestíssima opinião, fica por conta da cobertura queimadinha. Resultado – fiz a receita portuguesa com o acabamento francês – e alguém aqui de casa me disse que estava mais parecendo é com creme catalão!
De qualquer forma, adorei!!! Usei minhas formas e viajei...

Leite-creme

100 g de açúcar com baunilha
20 g de maizena
4 gemas
500 ml de leite

Misture muito bem o açúcar, a maisena e as gemas. Aqueça o leite e misture uma pequena porção na mistura de ovos. Bate bem e despeje esta mistura ao leite restante. Volte a panela ao fogo e, mexendo constantemente, espere engrossar. Pronto. Agora é só depositar nas forminhas e levar para gelar. Na hora de servir, polvilhe com açúcar e, com o auxílio do maçarico, queime ele todinho. Voilá!!

10 maio, 2007

Pão de maça e aveia, com toques de laranja


Há muito que desejo fazer esta receita que encontrei no blog Cream Puffs in Venice – ela não é exatamente um bolo, mas achei uma ótima opção para o lanche das crianças.

1 ¼ xícara de farinha de trigo
1 xícara de aveia
½ xícara de açucar mascavo
2 colheres de chá de canela em pó
¼ de colher de chá de noz moscada
1 colher de sopa de casca de laranja ralada
1 ½ colheres de chá de fermento em pó
1 colher de chá de bicarbonato de sódio
1 colher de chá de sal
1 ¼ de xícaras de suco de maça sem açúcar
1/3 de xícara de óleo
2 ovos
1/3 de xícara de buttermilk (ver Dicionário e Dicas, da Fer)

Para a cobertura:

1/3 de xícara de nozes pecan
4 colheres de sopa de açucar mascavo
¼ de colher de chá de canela
1 colher de chá de raspas de laranja


Forma de bolo inglês.
Forno pré-aquecido.

Misture os ingredientes secos (farinha, aveia, açúcar, canela, noz moscada, raspas de laranja, fermento, bicarbonato e sal). Em outra vasilha, misture os outros ingredientes (suco de maça, óleo, ovos e buttermilk). Junte as duas misturas e deixe descansando enquanto prepara a cobertura.

Pique as nozes muito bem picadinhas (se quiser, pode utilizar o processador), adicione o açúcar, a canela e as raspas de laranja. Junte metade desta cobertura à massa. E o restante, jogue por cima da massa já acondicionada na forma.
Asse por mais ou menos 50 minutos.

02 maio, 2007

Definição


O sal é o mar servido à mesa nas suas praias domésticas de linho.

Carlos de Oliveira

O Bolo da Semana


Existem algumas receitas que fazem parte do imaginário daqueles que cozinham – as famosas madeleines, cantadas outrora por Proust, são uma delas. Sempre que se vai falar da relação sensorial e/ou emocional das comidas, evoca-se Em Busca do Tempo Perdido. De minha parte, apesar de sempre ter tido vontade de fazê-las aqui em casa, me desanimava um pouco por não ter as famosas forminhas em concha. Eis que, finalmente, me dei de presente as tais forminhas e saí em busca da receita perfeita. Realmente, acho que consegui. Mas, infelizmente, não soube usar as lindas conchas a meu favor. Primeiro, a massa transbordou e, segundo, quando consegui retirar as madeleines das forminhas, elas não ficaram com o formato esperado – acho que, além de untá-las eu deveria ter polvilhado com farinha. Mas, para não ficar completamente arrasada com a primeira tentativa, terminei de assar a massa em forminhas de muffin – o que garantiu o lanche dos meninos. Mas valeu a experiência e, prometo, até o final do ano, farei madeleines perfeitas. Boa semana para todos!


Madeleines


125 g de açúcar

125 g de farinha

125 g de manteiga

2 ovos

2 limões (só a casca, raladinha)

2 colheres (de café) de fermento



Bata os ovos com o açúcar, até formar uma mistura clara e fofa. Acrescente a farinha e o fermento peneirados, e bata até incorporar. Acrescente a manteiga derretida e as casquinhas de limão. Deixe descansar por 20 minutos (esse é o imprescindível segredo da perfeição) e despeje em forminhas untadas, preenchendo-as até 2/3. Asse por 15 minutos no forno pré-aquecido a 220 °C , e desenforme quando ainda estiverem mornas.